eu e minha metade inteira

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quinta da boa vista, quase ontem

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Notícias de uma guerra particular

Complexo. Muito complexo. Crianças e jovens “quase todos negros” sem sonhos e perspectivas. Ou sem perspectivas, sonhos são muitos. Mas sem o direito de acreditar neles.
Alemão e Penha, complexo. Vielas, becos, iluminação a gato, casas grandes, barracos, alvenaria, bens.
Necessidades inventadas pra um consumo desmedido. Necessidades reais negadas dia após noite.
Sonhos costurados bordados desfeitos.
Dei aula pra muitos meninos-alunos tinham sonhos. Muitos deixaram de ter, nenhum deles sonhava em ser bandido. Até aqueles que sonhavam com isso, sonhavam na verdade com um mundo negado, o qual viam que o herói-bandido daria conta. Não dá, não deu.
“De que adianta 13 de maio e 20 de novembro se nossos negrinhos continuam correndo do capitão do mato.” Disse uma amiga.
Nossos moleques negros continuam presos num rodamoinho de impossibilidades. Não nasceram marginais, mas nasceram à margem. E, apesar do que sonhamos pra eles, continuam nela.

2 comentários:

  1. Valeu a pena esperar por seu novo texto. Esse é lindo e triste na mesma medida. E real. Tua sensibilidade é maior e mais exata a cada dia que passa. Falar com você é sempre um banho de verdade na cara, sabia? E te ler também.
    Esse texto de hoje lembrou um outro meu, que escrevi faz tempo, você conhece?

    http://bethaniaguerra.blogspot.com/2008/12/mendigos-neoliberales-o-el-vendedor-de.html

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  2. Amanda, concordo com a Be, que teu texto é lindo e triste na mesma medida. E na medida certa. Muito tocante mesmo, obrigada.

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