eu e minha metade inteira

eu e minha metade inteira
quinta da boa vista, quase ontem

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

das antigas.... 2

Reticências
Escrevo como se escrevesse para alguém, alguém que não vai ler, talvez porque eu nunca conte que escrevi. Escrevo como se a história já estivesse pronta e coubesse a mim apenas transcreve-la, escrevo como se ao escrever passassem a viver, existir, como se alguém nunca pudesse conta-las, como se só tomassem forma quando ditas por mim.
Escrevo como se fosse uma carta, para alguém que não sabe ler. Ou uma carta de amor para um amor que não existe, que nunca foi sentido, que ainda não nasceu. Uma carta para contar a saudade de alguém que não vai voltar ou que pode entrar a qualquer momento pela porta e arrebatar-me com um beijo de dragão.
Escrevo como se fosse uma mensagem paranormal para aquele que precisa de conforto, para aquele que acha que não precisa mais de nada, uma mensagem terrena para os anjos que moram com o pai.
Escrevo como num panfleto de grêmio secundarista: Companheiros...Decidimos...Propomos...,  escrevo como se escrevesse num vazio, que nada diz para quem nada lê; para quem pega, amassa e pisa no que escrevo. Mas por quê alguém TEM que ler? Decidimos? Companheiros? Propomos? Nós quem?
Escrevo, mas não escrevo direito não, nas minhas gramáticas, regras ortográficas, dicionários e manuais, desconheço qualquer tipo , modo ou gênero de ponto final...
Escrevo como se sempre faltasse algo a dizer...
                                                                                         03/06/1998

3 comentários:

  1. Escreva, escreva sempre, não pare, pois descobri que as letras, palavras, linhas e páginas além de boas companheiras são boas conselheiras... Bom 2011

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  2. Ah... e continua escrevendo... vc escreve tão lindo... fico até besta...

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  3. escreva sempre sim... e assim!!!!! porque nós, pobres viciados em suas linhas, sofremos de abstenção quando ñão temos o que queremos!!!!!

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