eu e minha metade inteira

eu e minha metade inteira
quinta da boa vista, quase ontem

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Hoje, como ontem.

Vocês sabem que leio livros não literários como se fossem. Isso quer dizer que leio pelo prazer de lê-los, não para estudar, ou para fazer trabalho, ou para nada disso, mas porque me dá prazer mesmo. Lembro nos idos de 97, 98, que li A Revolução Francesa, de Michelet, como um romance mesmo, chorando, lendo pros amigos... lembro que carregava o livro, de umas 500 páginas na bolsa e, nessa época, indo pra praia a noite, fazia muito isso, e lendo pros amigos que ia encontrar, olha que beleza!!!! E assim foi com Foucault, Gadotti e sempre com Freire.
Li, dessa maneira, Pedagogia: diálogo e conflito, e recomendo para todos.
Esse livro, publicado em 1985, trata de diferentes questões sobre educação, ele é fruto das palestras, conferências e conversas que Freire, Gadotti e Sérgio Guimarães passaram a vida fazendo pelo Brasil e principalmente com a abertura política pós ditadura militar. E lá, em 1985 um dos pontos cruciais era a violência escolar, tão discutidas hoje, como ontem. Outra questão tão atual é a função que a escola assume em uma sociedade que falta muita coisa, transcrevo “... a merenda escolar, que tem funcionado como o grande fixador do aluno na escola. É lamentável, mas é assim. A escola não deveria ter a função de restaurante, mas, por falta de uma política social em favor das classes populares, hoje a merenda escolar é pré requisito para se diminuir a evasão e a repetência. A que ponto chegamos!” e eu completo, a que ponto continuamos....
Essa escola, de mais de 20 anos atrás é a escola do passado, que muitos de nós diz que era muiiiiiiito boa! E o livro traz também a implantação do Ciclo Básico como uma tentativa de manter o aluno mais tempo na escola, mas como uma medida que precisava ser superada. Ainda não foi.
Muitos falam do Freire como um mestre e um ícone de ontem. Não, ontem como hoje pensar na Pedagogia do conflito, do oprimido, da esperança, da indignação, é urgente e preciso.

2 comentários:

  1. Freire, sempre freire. Quando eu orientei um trabalho de iniciação de uma aluna no CLAC, a Vanelli, querida aluna e hoje professora de espanhol, incentivei-a a trabalhar com Freire e o ensino de idiomas. Tadinha, lembro da carinha dela: "mas como, professora?" E eu dei a bibliografia básica pra ela ler e depois discutíamos sobre como aplicar isso a um ensino de línguas que fosse não elitista e sim uma ferramenta de crescimento pro trabalhador-aluno. Ficou lindo e ela apresentou na semana de iniciação científica. Uma professora disse que nunca tinha visto tal abordagem. Lembrei disso agora.

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  2. Bê, eu me encanto muito com tua irreverência academica, desde os Cavaleiros do Zoodiaco, você é fantástica e pra mim é assim: é professor, tem que ler Freire e ponto.
    Neste Livro eles (o freire o gadotti e o sérgio) falam tb do papel pedagógico da greve! vou escrever tb sobre a bomberada e vou usar um pouquinho dessa fala deles

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