eu e minha metade inteira

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quinta da boa vista, quase ontem

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Pequeno milagre . 1

Não me considero cristã. É estranho falar isso na nossa sociedade tão católica-ocidental, mas não sou muito chegada ao Cristianismo. Gosto de Maria e de muitos santinhos, mas Cristo mesmo, sei não. Acho que é por conta de todo esse alvoroço em torno dele, essa história de grande milagre. O Cristo comum, histórico, homem de carne e osso, filho de José, desse eu gosto. O problema mesmo, creio eu, está no lesco-lesco em torno dos grandes milagres.
Se eu acredito em milagres? É claro, eles existem, certeza pura e cristalina!
Mas estou falando dos pequeninos milagres, desses de todo dia, que basta ter olhos pra ver e tempo de observar. Nesse milagre miúdo eu creio.

No dia 28 de setembro deste ano seu Afonso completou seu Tempo encarnado. Coisa estranha, estranho não ter dito "eu te amo" naquela semana. Estranho não tê-lo visto. Estranho ter encontrado seu corpo sem vida, só uma casca, já sem temperatura. Estranho ter encontrado meu nome tatuado naquele braço, que já parecia apenas uma "roupa velha, que não serve mais".
Nesses momentos manter a cabeça em paz é a melhor opção. Lição aprendida a duras penas ao longo da vida. Lição que tive a certeza que aprendi naqueles momentos de decisão difíceis e, aparentemente, solitários.

Mamãe estava se recuperando de uma crise, Bê lá do outro lado do mundo e eu, a filha caçula mais velha que conheço, tendo que resolver uma burocracia que não queria pensar.

Aconteceram uma sucessão de pequenos milagres, desses que se tem que ficar atenta, "mente quieta e coração tranquilo" para perceber. O que trago hoje foi um especial: em plena Central do Brasil, na delegacia, vejo surgir uma fada etérea, de olhos claros, cabelos loiros e vestido floral, sorrindo pra mim.

Me abraçou, não entendeu o que eu estava fazendo ali, tão longe de casa, do trabalho, tão descabelada, tão cheia de olheira, tão querendo ser forte ("seus pequeninos galhos espetados eram fortes, poderiam aguentar o peso sem sofrimento").

Também não entendi o que ela fazia ali. Mas entendi como um presente e aceitei de bom grado.

Obrigada Cristinho pelos milagres concedidos!

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