eu e minha metade inteira

eu e minha metade inteira
quinta da boa vista, quase ontem

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Sra. Diretora geral do CIEP 298 Manuel Duarte, profa. Aparecida de Cássia Rocha Navarro;
Sra. Diretora adjunta do CIEP 298 Manuel Duarte, profa. Júlia Pereira Vieira;
Autoridades presentes ou representadas;
Caros professores, colegas de jornada;
Senhores pais, demais familiares e amigos dos alunos formados,
Queridos alunos da turma 3001.

Inicialmente, gostaria de agradecer muitíssimo o convite para ser o paraninfo desta turma e assim, assumir esta tão importante tarefa que é a de proferir a última aula para vocês. Prometo não tomar muito o tempo, afinal, é momento de festa, comemoração e alegria. Mas não posso me furtar de cumprir com esta tarefa.
Mais que uma aula de história, o que eu queria compartilhar com vocês hoje é uma aula de cidadania. Uma aula de democracia. Uma aula de respeito e senso crítico. Enfim, uma aula sobre “o mundo e as coisas” (se é que isso é possível…)
Antes de ser escolhido como paraninfo desta turma, tinha planejado escrever uma carta direcionada a vocês. Não uma carta de despedia, mas uma carta de “até logo”, com votos de felicidades e sucesso nesta nova fase da vida de vocês.
Há um fado português que eu gosto muito, e que diz o seguinte:
“as coisas vulgares que há na vida não deixam saudades
só as lembranças que doem ou que nos fazem sorrir
Há gente que fica na história
na história da gente.”

Eu não podia deixar de usar uma musica hoje, não é? Primeira consideração a ser feita: Vocês estão na minha história. E vocês também estão na história uns dos outros. Enfim, estamos todos, felizmente, uns na história dos outros.
Segunda consideração a ser feita: não sei se em algum momento cheguei a comentar com vocês o porquê da minha escolha em ser educador. Posso garantir a vocês que docência não é sacerdócio, como alguns dizem. Conseqüentemente, não desejo, de maneira alguma me sentir ou ser canonizado. A minha escolha recai sobre um compromisso cidadão. Tive a boa sorte de ter toda a minha formação, desde as séries iniciais até a pós-graduação, cursada em bancos de instituições públicas. Numa delas, entoávamos um hino que começava dizendo que “Nós levamos nas mãos, o futuro de uma grande e brilhante nação” e concluía invocando “Por isso sem temer, foi sempre o nosso lema buscarmos no saber a perfeição suprema.” Isso moldou o meu caráter, os meus valores. Enfim, me moldou como educador.
Deste modo, sempre que ingresso em uma sala de aula, busco cumprir com um compromisso assumido não só comigo, mas com toda uma nação que confiou às minhas mãos, (e às mãos de colegas habilidosos e conscientes como os que temos a boa sorte de termos no nosso CIEP) a educação de cada um de vocês.
Como disse, aqui neste colégio, encontrei condições plenas para o desenvolvimento não só da minha profissão, mas do meu prazer. Mais do que toda a estrutura, apoio da instituição e liberdade que me foi dada no cumprimento do meu exercício, vocês foram indispensáveis (e marquem bem a palavra i-n-d-i-s-p-e-n-s-á-v-e-i-s) para que a tarefa fosse concluída com êxito. Sem vocês, nada disso aqui fez, faz ou faria sentido.
Terceira consideração: devo dizer que vocês cumpriram com suas obrigações cidadãs com louvor. Pode parecer estranho falar em obrigações cidadãs, ainda mais nesta solenidade, mas vai aqui mais um ensinamento, mais uma análise crítica, e talvez a mais importante de todas elas: vivemos hoje, o que eu costumo rotular de uma da “histeria de direitos”, o que significa que atingimos um grau impressionante de conhecimento dos direitos que temos. Entretanto, muitas das vezes (eu diria que na grande maioria dos casos), essa consciência supera o bom senso, e se transforma em histeria generalizada. As pessoas querem garantir seus direitos a todo custo, sem inclusive, observar a ultrapassagem dos limites legais, levando ao extremo a fórmula de Maquiavel, na qual “os fins justificam os meios”. No entanto, direitos cidadãos sempre, e de maneira inseparável, vêm acompanhados de obrigações cidadãs. No nosso caso, vocês têm direito à educação. Isto é um direito constitucional inalienável. Porém, ao ingressarem numa escola pública, vocês assumem o compromisso com toda uma sociedade que paga impostos, (e conseqüentemente o meu salário, o salário de todos os colegas, a estrutura física, o material de consumo): o compromisso de aprenderem não só os conteúdos programáticos, mas também aprender a convivência. Convivência com os iguais. Com os diferentes. Com o colega legal. Com o chato. Com as regras, e o mais importante, com o exercício da democracia e da cidadania.
Assim sendo, gostaria de congratular a todos vocês formandos da turma 3001, o cumprimento exemplar deste compromisso cidadão. Tenho certeza que a partir do dia de hoje vocês irão ganhar o mundo, cada qual desenvolvendo suas habilidades, seus conhecimentos, e sua cidadania. E isto foi uma coisa que vocês aprenderam aqui. E que eu aprendi mais um pouquinho com vocês. E, para mim, ter a clareza de que em todos os sentidos a minha função de educador (e a dos colegas também) foi concluída com êxito é motivo de muito, muito orgulho! Como já citei anteriormente, este orgulho só é possível porque vocês permitiram de maneira bem humorada (vez ou outra até demais, né!), respeitosa e afetuosa que nós educadores cumpríssemos este missão. Paulo Freire, mestre de muitos de nós escreveu, certa feita, em um livro tão famoso quanto ele próprio que “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.”
Hoje, deixo vocês com este último ensinamento do mestre Freire, na esperança de que vocês continuem educando uns aos outros, mediados pelo mundo, com todas as dificuldades que surgirão, mas também com todas as alegrias que a transposição dessas dificuldades nos proporciona. Tenham sempre em mente o ensinamento de uma conhecida canção judaica que diz que “o mundo é sustentado por três coisas: pela verdade, pela justiça e pela paz.
E o mais importante disso tudo. Não se esqueçam que “há gente que fica na história, na história da gente”. Afinal, nossa história não acaba aqui. Porque ela não acabará nunca.

Feliz Natal e Ano Novo



Filipe Durert, meu amigo lindo! disse tantas coisas que eu queria que deixo suas palavras como as últimas do ano no blog. Em janeiro descaminhamos!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

De julho pra cá esse ano passou meio arrastado, meio corrido. Ao mesmo tempo que não vejo a hora de chegar dia 22 de dezembro, parece que os dias se atropelam numa sucessão de acontecimentos que só nos dão o direito de prosseguir.
Inúmeros textos ficaram pra trás, alguns em rascunhos no papel, outros na mente e uns tantos no coração. Não sei se vou conseguir publicá-los aqui, mas vou fazer um exercício de tentar buscá-los ao longo das próximas postagens.
Vou fazer uma retrospectiva do ano, pra mim, de mim. No meio dos meses tentarei resgatar os textos que ficaram, se não vierem à  tona será porque o lugar deles (ainda) não é aqui.
Mas antes de começar o mês a mês vou postar sobre um presente lindo que ganhei neste novembro.